Commodities de exportação seguem em alta

Sustentadas por fundamentos e câmbio, as principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil encerraram fevereiro com preços superiores aos registrados no mesmo mês do ano passado nas principais bolsas americanas.

Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega mostram que as maiores ganhos ainda são os das “soft” commodities negociadas em Nova York (açúcar, algodão, suco de laranja e café), mas em Chicago os grãos mais vendidos pelo país no exterior (soja e milho) permanecem com suas cotações firmes.

No caso das “soft”, há em comum, pelo lado dos fundamentos, problemas que limitam a oferta, inclusive no Brasil, que lidera as exportações mundiais de açúcar, café e suco de laranja. Nesse contexto, também há um importante “empurrão” cambial, já que, no mês passado, a cotação média do dólar em relação ao real foi quase 22% menor que a média de fevereiro de 2016 – queda que tira rentabilidade dos embarques do país.

Esse movimento, que também tem influência sobre o comportamento dos preços em Chicago, é normal. Quando o dólar cai em relação ao real, teoricamente desestimula os embarques brasileiros, o que abre espaço para altas de preços em Nova York, um raciocínio que vale para outros exportadores.

Assim, ainda que tenha perdido força, a cotação média dos contratos de segunda posição do açúcar fechou fevereiro com variação positiva de 53,11% em relação ao resultado do mesmo mês do ano passado. A entressafra no Brasil colabora para manter o atual patamar de preços, e a equação mundial entre oferta e demanda pode estender a fase “altista” por mais algum tempo.

Segundo a FCStone, a demanda global deverá novamente superar a oferta na safra internacional 2017/18, que terá início em outubro próximo. Nos cálculos da consultoria, a produção deverá crescer 5,6% em relação ao ciclo 2016/17, para 186,3 milhões de toneladas, e o consumo deverá aumentar apenas 1%, para 186,8 milhões.

Se confirmadas essas previsões, que já levam em conta a tendência de expansão da produção europeia de açúcar de beterraba, os estoques no fim da temporada estarão no menor nível desde 2011/12 (63,1 milhões de toneladas).

O encolhimento dos estoques também está na base das justificativas das altas das cotações de café e suco de laranja, cujas exportações mundiais são igualmente lideradas pelo Brasil. No país, as respectivas produções foram golpeadas por intempéries provocadas pelo El Niño em 2016, e as recuperações não serão plenas neste ano.

Com a demanda mundial ainda fraca, o suco aparentemente parou de subiu em Nova York, mas os contratos futuros de segunda posição de entrega da commodity encerrou fevereiro com valor médio 26,41% superior ao do mesmo mês do ano passado. As cotações do café também perderam ímpeto, mas subiram 24,66% em igual comparação.

O algodão está em ascensão graças a sinais mais otimistas no quadro da demanda mundial e, em relação a fevereiro de 2016, registrou alta de 28,92%. O cacau, por sua vez, permanece em queda – a média de fevereiro foi -29,98% menor que a do mesmo mês do ano passado -, mas em razão da demanda mais restrita.

Na bolsa de Chicago, onde são transacionadas as commodities agrícolas de maior liquidez, movimentos financeiros relacionados a outros mercados ajudam a oferecer sustentação aos contratos de soja, milho e trigo. Os dois primeiros encerraram fevereiro com cotações médias maiores que em fevereiro de 2016 – 19,65% e 2,35%, respectivamente -, e o trigo com uma queda modesta (3,05%).

Nesses mercados, entretanto, os fundamentos sugerem alguma perda de sustentação nos próximos meses, já que a oferta global continua abundante e não há sinais de problemas expressivos. As primeiras estimativas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para a produção de grãos no país na próxima safra (2017/18) indicaram que os volumes continuarão fartos. Os americanos lideram a produção mundial de soja, milho e trigo.

Fonte: Valor Econômico.